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A maior parte dos casos de assédio no Brasil acontece no ambiente de trabalho. E apenas um em cada cinco casos são denunciados, mostra mostra pesquisa da KPMG, em parte porque não há canais para denúncias nas empresas.
De acordo com o levantamento, 33% dos casos de assédio ocorrem no trabalho. Os casos no transporte público (11%) vêm em segundo lugar, seguidos por relatos ocorridos em ambientes com familiares, amigos ou conhecidos (9,5%).
O assédio também ocorre em instituições de ensino (8%), bares ou restaurantes (7,5%), locais abertos ou descampados (6%) e em shows e eventos (5%).
Intitulada Mapa do Assédio no Brasil, a pesquisa também mostra que 82% dos brasileiros já sofreram alguma forma de assédio, mas o levantamento alerta que o número pode ser ainda maior, porque nem todo mundo identifica um ato de assédio como tal, e sim como brincadeira ou piada.
A pesquisa mostra que a maioria (42%) diz ter sofrido assédio moral ou psicológico. Em seguida, vêm assédio sexual (26%), discriminação (14%), retaliação (13%), assédio virtual ou cyberbullying (5%).
O estudo foi conduzido por cerca de quatro meses. Um formulário foi compartilhado nas redes sociais da KPMG, e teve mais de mil respostas de todos os estados.
Apenas um em cada cinco casos de assédio são reportados, segundo a pesquisa. Cerca de 27% das pessoas dizem que não denunciaram por não haver um canal específico para isso. Um quinto dos respondentes (12%) relataram o assédio aos responsáveis, enquanto apenas 3% denunciaram à polícia ou em canais públicos. Outros 2,4% fizeram os dois.
Segundo Emerson Melo, sócio-líder da prática Forense da KPMG no Brasil e colíder na América do Sul, os motivos para que as vítimas não denunciem podem variar de acordo com o local em que ocorreu o assédio.
— No caso do assédio em local de trabalho, por exemplo, pode não haver canal de denúncia, o funcionário pode ter medo de retaliação e desconfiar das políticas da empresa. Avançando para o transporte público, será que a pessoa sabe para quem ligar se for assediada dentro de um ônibus? Isso precisa estar mais claro. Bar e restaurante é muito difícil de ter formas de se denunciar, assim como shows, eventos.
Carolina Paulino, sócia da prática Forense e Linha Ética da KPMG no Brasil, explica que o dado expõe a falta de ferramentas e canais adequados para a busca de amparo e reparação.
— As organizações devem agir mais e disponibilizar um calendário de capacitação e treinamento para todos os níveis hierárquicos sobre violência, assédio, igualdade e diversidade no ambiente de trabalho — disse.
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